Crossroads: Diretora Tamra Davis fala sobre os 20 anos seguintes

O filme Crossroads completou 20 anos ontem, e a diretora do clássico que marcou a estreia de Britney no cinema, Tamra Davis, falou sobre como foi bloqueada pela tutela de Britney Spears e por que o filme é quase impossível de ser encontrado hoje em dia. Confira a tradução da matéria, por Kevin Polowi do Yahoo:

Tamra Davis admite que inicialmente recusou Crossroads, o drama/comédia sobre viagem liderado por Britney Spears que estreou nos cinemas 20 anos atrás, em 15 de fevereiro de 2002. A cineasta simplesmente não estava muito interessada em dirigir um veículo rumo ao estrelato para Spears, que na época era indiscutivelmente a cantora pop mais famosa do mundo.

Mas Davis, que já havia dirigido as comédias populares dos anos 90 CB4 (1993), Billy Madison (1995) e Half Baked (1998), concordou em pelo menos voar para Las Vegas para conhecer Spears antes de fechar a porta para Crossroads.

“Eu tinha que conhecê-la, acho que às 10 da manhã em sua suíte em algum grande hotel chique em Las Vegas”, Davis nos conta durante uma nova entrevista comemorativa do aniversário do filme (assista aos vídeos acima). “Então eu bati na porta e ela abriu a porta e ela estava vestindo apenas uma camiseta e sua calcinha. E ela ficou tipo, 'Cara, eu fui castigada ontem à noite!' E eu fiquei tipo, 'Oh meu Deus, quem é essa garota?' Essa não é a garota que eu pensei que ela era."

Como ela passou o dia com Spears, Davis não só se viu envolvida com a cantora de personalidade calorosa de “Baby One More Time” e “Oops! I Did It Again”, mas ficou confiante de que a artista levava a sério sua busca por atuar.

Baseado em uma ideia de Spears e roteirizado por uma roteirista promissora chamada Shonda Rhimes (alguns anos antes de lançar Grey's Anatomy e eventualmente se tornar um dos seriados mais poderosos da televisão), Crossroads entrou em produção na Louisiana em março de 2001. No filme estrelaram Spears, Zoe Saldaña e Taryn Manning como melhores amigas de infância que se reúnem como formandas do ensino médio e, junto com o dono de um conversível chamado Ben (Anson Mount), embarcam em uma viagem pelo país para Los Angeles.

“Eu sabia que uma das principais coisas era que Britney queria [re]formar era sua imagem”, diz Davis. “Ela não queria mais a imagem de virgem, ou [ser vista como uma] boa menina. Ela realmente queria fazer um filme onde ela lidasse com o que é ser uma mulher, e passar dessa garotinha para ser uma mulher. E eu sinto que era realmente sobre isso que a história era, e essa é a história que fizemos.”

É por isso que, após as exibições de teste, a chefe da Paramount, Sherry Lansing, pediu a Davis para remover a cena em que Lucy de Spears perde a virgindade com Ben, e a diretora recuou. “Essa foi a razão pela qual Britney queria fazer esse filme, eu não ia mudar isso.” O filme foi testado bem o suficiente com o público de pré-visualização, tanto que Davis acabou sendo autorizada a mantê-lo.

Davis adorava trabalhar com Spears e ficou consternada ao ver a cantora que virou atriz enredada em problemas pessoais nos anos que se seguiram ao trabalho em Crossroads.

“Acho que o que aconteceu foi depois do filme, talvez [um ano ou dois] depois do filme… toda a vida dela basicamente desmoronou, sabe? E eu sinto que foi quando ela realmente começou a passar por todos os seus desafios”, lembra Davis. “Foi difícil ver toda a sua vida desmoronar de longe quando tivemos esse momento incrível juntas, onde pensei que ela estava se tornando a pessoa que deveria ser.”

Nos anos que se seguiram a Crossroads, Spears terminou com o namorado de longa data Justin Timberlake, casou e se divorciou duas vezes, teve dois filhos com o segundo marido Kevin Federline, enfrentou um breve período na reabilitação, raspou a cabeça e foi internada em tratamento psiquiátrico.

Em 2008, Britney foi involuntariamente colocada sob uma tutela supervisionada por seu pai, Jamie Spears. Não foi até novembro passado – após quase 14 anos da cantora ter zero independência financeira ou pessoal, inúmeras alegações de abuso e má gestão por seus conservadores e o movimento viral #FreeBritney – que a tutela foi finalmente encerrada legalmente.

Davis diz que tentou entrar em contato com Spears em vários momentos ao longo dos anos, mas agora acredita que ela estava sendo bloqueada pela tutela.

“Tentei entrar em contato com ela durante esse tempo e quando penso agora que a mensagem foi retornada para mim, posso dizer que algo estava estranho”, lembra Davis. “Eu tentaria alcançá-la. Infelizmente, o único caminho para ela era através dessas pessoas. E, literalmente, eu recebia mensagens como: ‘Britney não gosta que as pessoas falem sobre ela, ela preferiria que você não fizesse nenhuma entrevista. Ela preferiria que todos parassem de falar sobre ela. Ela está bem. Obrigado por sua preocupação.'

“Agora, quando olho para trás, penso: ‘Oh meu Deus, não eram as vozes dela me dizendo para ficar quieta ou me dizendo para não falar. Foram ELES que me disseram isso' ”.

Apesar de Crossroads ser um sucesso de bilheteria, arrecadando US$ 61 milhões em todo o mundo com um orçamento de US$ 12 milhões, e continuar sendo amado pelos fãs devotos de Spears, o filme é praticamente impossível de se assistir hoje. A Paramount nunca lançou o filme em Blu-ray e ele não está disponível em uma única plataforma de streaming.

Davis não tem ideia do porquê.

“Ainda estou tentando entender o porquê”, diz a diretora, que prometeu investigar mais uma vez após nossa entrevista. “Porque eu assisti novamente recentemente em um cinema em Londres e foi inacreditável. Ainda parece tão bom. O público adorou. Foi maravilhoso. E especialmente, eu adoraria que as pessoas vissem isso agora porque você pode ver o talento incrível que [Britney Spears] era.

“Eu adoraria que as pessoas vissem. Adoraria que estivesse disponível.”

Davis, que trabalha principalmente na televisão desde Crossroads, recentemente dirigiu seu primeiro filme em 20 anos, Thirteen: The Musical. Ele será lançado na Netflix ainda este ano.

Texto original, em inglês: Clique aqui.